Para a mais intensa
habitadora da Palavra
que já conheci
....
Era uma vez um imperador... que
vivia em um suntuoso castelo, sempre cercado por seus súditos. Até que, em um
dia quente de outono, ventos do norte trouxeram, junto com folhas a voar,
palavras... não simples palavras a pairarem despercebidas... mas palavras
habitadas do mais puro sentido. Essas palavras pousaram no castelo e
transformaram a existência do rei e, porque não dizer, de todo aquele povoado.
Palavras belas, palavras ágeis, palavras fortes... palavras intensas... até
então o rei nunca havia imaginado o quanto sua vida havia sido vazia, seu poder
não era nada comparado ao poder e a beleza da Palavra. Como Ela era poderosa...
Os súditos estranhavam as
mudanças de humor de seu soberano, a proximidade com as palavras e suas
habitações o fazia sorrir mesmo no mais cinzento dos dias. Como isso era
possível? “O rei está louco” diziam alguns, “está enfeitiçado” diziam outros...
o que as pessoas não conseguiam compreender era que ele estava, puramente, no mais pleno estado de graça. O rei estava feliz.
No cândido castelo de cartas,
cheio de azes, valetes e peões, as palavras ecoavam pelos corredores, trazendo
novos fulgores e novas cores... a transformação havia sido feita... o castelo
estava, finalmente, habitado. De todo o sentido.
A Palavra eternizou.